“Quando o homem compreende a sua
realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar
soluções.
Assim, pode transformá-lo e o seu trabalho
pode criar um mundo próprio,
se Eu e as suas circunstâncias.” (Paulo Freire)
1. INTRODUÇÃO
O
presente trabalho visa à criação de um plano de aula, com conteúdos de ciências
humanas, para uma unidade de uma turma de EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Contudo, essa iniciativa faz com que se repense a forma como a Educação de
Jovens e Adultos tornou-se efetiva no Brasil, e sua importância no contexto
social e histórico a que pertencemos.
Sabe-se
que a Educação de Jovens e Adultos não é uma preocupação recente, pois, desde a
época do Brasil colônia, quando se falava em educação para população
não-infantil, fazia-se referência a população adulta, que precisava ser
catequizada, para a entrada dos colonizadores no país, bem como para as “salvar
vidas” dos índios que ali viviam. Ficava então, sobre a responsabilidade dos
jesuítas, a alfabetização dos jovens e adultos, que acreditavam não ser
possível converte-los a religião católica sem que soubessem ler e escrever.
Contudo,
após a expulsão dos jesuítas, só se observou novamente iniciativas dirigidas ao
público adulto durante o Império. No Brasil Império, começaram a abrir escolas
noturnas para trabalhar com os jovens e adultos, o ensino, porém, tinha pouca
qualidade, e normalmente com duração curta.
Na década de 30, o governo apenas incentivava o ensino da leitura e da
escrita, pois, como é sabido, o despertar da consciência crítica, poderia
prejudicar as propostas do governo.
Já na década de 40, foi um período de grandes mudanças para a educação
de adultos, tendo o surgimento de diversas iniciativas políticas e pedagógicas,
dentre elas: a regulamentação do Fundo Nacional do Ensino do INEP, o surgimento
das primeiras obras para o ensino supletivo, Campanha de Educação de
Adolescentes e Adultos, com a elaboração de materiais didáticos para adultos,
dentre outros.
No
fim da ditadura de Vargas, em 1945, o Brasil passou por grandes mudanças
políticas e sociais, sendo este um momento de luta por uma “educação para
todos”, e a educação de adultos ganhou novamente destaque. No ano de 1947 é
lançada uma campanha nacional, que previa uma alfabetização em três meses, e
depois, uma etapa de capacitação profissional e desenvolvimento comunitário. Em
1950 foi realizada uma campanha nacional de erradicação do analfabetismo
(CNEA), que marcou uma nova etapa nas discussões sobre a educação de adultos.
A
partir de 1970, o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) criou força
por todo território nacional. Além disso, houve o surgimento Programa de
Educação Total (PEI), sendo que este programa abria oportunidade para o jovem
continuar os estudos, além dos recém-alfabetizados e os chamados analfabetos
funcionais.
A
partir da década de 1980 e 1990, a educação passou por novas reformulações,
fazendo com que os educadores repensassem suas praticas de ensino. Entretanto,
durante a década de 90, devido à falta de políticas pedagógicas, o governo não
se preocupou efetivamente com a Educação de Adultos, chegando a ocorrer o
fechamento de algumas fundações.
Contudo, alguns Estados e Municípios, a partir da preocupação com a
educação de jovens e adultos, assumiram a responsabilidade de oferecerem
educação para os alunos do EJA , ampliando-se esta proposta para outros Estados
e Municípios.
Em janeiro de 2003, foi anunciado pelo MEC que a alfabetização de
jovens e adultos seria uma prioridade do Governo Federal, e, para isso seria criada
a secretaria extraordinária de erradicação do Analfabetismo, cuja meta seria a
de erradicar o analfabetismo durante o mandato de quatro anos do governo Lula.
Para cumprir essa meta foi promovido o programa Brasil Alfabetizado, onde
ocorreria à contribuição com os órgãos públicos Estaduais e Municipais,
instituições de ensino superior e organizações sem fins lucrativos para que desenvolvessem
as ações de alfabetização.
Observa-se
assim, que a educação de jovens e adultos passou por
oscilações durante a evolução histórica do Brasil. E, embora atualmente haja
uma maior preocupação com a educação de Jovens e Adultos, ainda se faz necessário
a elaboração de novas propostas, bem como a formação de educadores qualificados
para atender esta classe escolar.
A partir disto, entende-se que a criação de um plano de aula para
uma unidade é de fundamental importância, pois, além de servir como orientação
para a elaboração de novos planos de aula, serve como uma forma de repensar a
proposta do EJA, criando novas propostas de ensino, e, fazendo com que
reconheçamos a importância do ensino do EJA.
PLANO
DE AÇÃO: “LEITURA DO MUNDO, TRILHANDO NOVOS
CAMINHOS.”
Tema: Estudos da Sociedade
Público-alvo: 25 alunos/ 5° ano do
Ensino Fundamental
Duração do plano de ação: 2 meses
Duração de cada aula: 4h 30min
2.
CONTEÚDOS
ñ Leitura
de mapas
ñ Tecnologia
e desenvolvimento do campo
ñ Direito
a terra
ñ Contraste
nas grandes cidades
ñ Direito
a moradia
3.
OBJETIVOS
3.1 GERAL
Utilizar a leitura do mundo através das letras e
outros símbolos em suas diferentes situações, procurando ampliar a compreensão
crítica da realidade que requeiram o contato com variadas mensagens de caráter
político, cultural e social.
3.2 ESPECÍFICO
·
Interpretar
gestos, movimentos corporais, fisionomais, comportamentais;
·
Interpretar
diferentes palavras e imagens, como, pintura, fotográfica, charges, desenhos,
tirinhas e história em quadrinhos;
·
Conhecer
elementos presentes em um mapa, saber se localiza;
·
Conhecer
regiões geográficas do Brasil e os estados que as compõem e suas perspectivas
cidades, identificando no mapa;
·
Refletir
sobre vantagens e desvantagens do uso de máquinas modernas no campo;
·
Conhecer as
novas técnicas utilizadas a serviço do desenvolvimento do campo;
·
Refletir
sobre o direito à terra e moradia, e as conquistas desse direito;
·
Conhecer as
principais leis que garantem o direito a terra no Brasil;
·
Entender o
que são latifúndios e minifúndios;
·
Refletir
sobre a relação do homem e mulher com a terra conquistada;
·
Refletir
sobre a carência habitacional;
·
Refletir
sobre o êxodo rural e população rural;
·
Reconhecer a
diversidade brasileira;
·
Identificar
legendas e escala;
·
Desenhar o
mapa do trajeto da sua casa até a escola;
·
Interpretar
leituras de noticias de jornais e revistas;
·
Identificar a
mortalidade infantil está diretamente, relacionada com as condições de vida dos
moradores das cidades.
MATERIAIS:
v Variadas
imagens, fotografia, pinturas, desenhos, tirinhas, história em quadrinhos,
charges
v Mapa
do Brasil
v Jornais
e revistas
v 2
pacote com 100 folhas de papel ofício
v Lápis
de cor/ Hidrocor/ Giz de cera
v 5
Tesouras sem ponta
v 5
cola branca pequenas ou 1 tubo de cola grande
v Colas
coloridas
v Papel
crepom colorido
v 5
folhas de papel metro
v 5
Cartolinas coloridas
TECNOLÓGICOS
v TV
e DVD
v Retroprojetor
v Aparelho
de som
5.
AVALIAÇÃO
A
avaliação será formativa e processual. A formação da pessoa para uma sociedade
humana mais justa é um dos fundamentos. A avaliação deverá contemplar, além dos
conteúdos escolares tradicionais, as habilidades relacionais. Segundo Maria
Mizukami(1986), a abordagem cognitivista tem como fundamento a ideia de que a
construção do conhecimento pelo aluno deve ser avaliada através de elaborações
próprias, livres, explicações, resoluções de situações baseada na realidade.
Deve-se valorizar também os erros e as tentativas para que o professor conheça
as hipóteses de elaboração de conhecimento dos alunos. Além disso o professor deverá avaliar
individualmente cada aluno.
O
professor deverá observar as diferentes fases de uma intervenção na avaliação
que deverá ser estratégica. As atividades e tarefas e os próprios conteúdos de
trabalho se adequarão constantemente às necessidades que vão se apresentando
para chegar a determinados resultados. Ou seja, uma avaliação processual, onde
se avaliará todas as situações de aquisição do conhecimento durante todo o
processo de aprendizagem. Se avaliará o desenvolvimento de algumas ferramentas
cognitivas básicas, como noções de espaço e tempo, capacidade de observar,
comparar, classificar, relacionar, elaborar hipóteses, criticar etc.
Através
das atividades propostas ao alunos para exporem suas ideias por meio da
linguagem oral, ou dramática, da escrita, dos desenhos ou de montagens, será
possível detectar o nível de aprendizagem. Essa avaliação será observada nas
atividades individuais e em grupos, será analisada as discussões e a participação
individual. Vale ressaltar que as atividades coletivas auxiliam na busca por
melhores resultados.
A
avaliação é formativa porque colabora para a formação de um leitor reflexivo
sobre sua realidade.
Referências:
SALDANHA,
Leila. Histórico da EJÁ no Brasil. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/17677/1/HISTORICO-DA-EJA-NO-BRASIL/pagina1.html.
Acessado em: 29/08/2011, às 11h.
Produzido por: Damonile Silva, Danilo Silva, Jamile Moraes, Luciana Estrela, Nadjara Felix, Rilná Figueiredo, Taiane Cerqueira, Vanderson Silva.
Adorei, um ótimo modelo para usar no meu!
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