domingo, 16 de dezembro de 2012

Plano de Ação em EJA


“Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções.
Assim, pode transformá-lo e o seu trabalho
pode criar um mundo próprio,
                        se Eu e as suas circunstâncias.”     (Paulo Freire)             
                                        
1.    INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa à criação de um plano de aula, com conteúdos de ciências humanas, para uma unidade de uma turma de EJA (Educação de Jovens e Adultos). Contudo, essa iniciativa faz com que se repense a forma como a Educação de Jovens e Adultos tornou-se efetiva no Brasil, e sua importância no contexto social e histórico a que pertencemos.
Sabe-se que a Educação de Jovens e Adultos não é uma preocupação recente, pois, desde a época do Brasil colônia, quando se falava em educação para população não-infantil, fazia-se referência a população adulta, que precisava ser catequizada, para a entrada dos colonizadores no país, bem como para as “salvar vidas” dos índios que ali viviam. Ficava então, sobre a responsabilidade dos jesuítas, a alfabetização dos jovens e adultos, que acreditavam não ser possível converte-los a religião católica sem que soubessem ler e escrever.
Contudo, após a expulsão dos jesuítas, só se observou novamente iniciativas dirigidas ao público adulto durante o Império. No Brasil Império, começaram a abrir escolas noturnas para trabalhar com os jovens e adultos, o ensino, porém, tinha pouca qualidade, e normalmente com duração curta.  Na década de 30, o governo apenas incentivava o ensino da leitura e da escrita, pois, como é sabido, o despertar da consciência crítica, poderia prejudicar as propostas do governo.
Já na década de 40, foi um período de grandes mudanças para a educação de adultos, tendo o surgimento de diversas iniciativas políticas e pedagógicas, dentre elas: a regulamentação do Fundo Nacional do Ensino do INEP, o surgimento das primeiras obras para o ensino supletivo, Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos, com a elaboração de materiais didáticos para adultos, dentre outros.
No fim da ditadura de Vargas, em 1945, o Brasil passou por grandes mudanças políticas e sociais, sendo este um momento de luta por uma “educação para todos”, e a educação de adultos ganhou novamente destaque. No ano de 1947 é lançada uma campanha nacional, que previa uma alfabetização em três meses, e depois, uma etapa de capacitação profissional e desenvolvimento comunitário. Em 1950 foi realizada uma campanha nacional de erradicação do analfabetismo (CNEA), que marcou uma nova etapa nas discussões sobre a educação de adultos.
A partir de 1970, o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) criou força por todo território nacional. Além disso, houve o surgimento Programa de Educação Total (PEI), sendo que este programa abria oportunidade para o jovem continuar os estudos, além dos recém-alfabetizados e os chamados analfabetos funcionais.
A partir da década de 1980 e 1990, a educação passou por novas reformulações, fazendo com que os educadores repensassem suas praticas de ensino. Entretanto, durante a década de 90, devido à falta de políticas pedagógicas, o governo não se preocupou efetivamente com a Educação de Adultos, chegando a ocorrer o fechamento de algumas fundações.  Contudo, alguns Estados e Municípios, a partir da preocupação com a educação de jovens e adultos, assumiram a responsabilidade de oferecerem educação para os alunos do EJA , ampliando-se esta proposta para outros Estados e Municípios.
Em janeiro de 2003, foi anunciado pelo MEC que a alfabetização de jovens e adultos seria uma prioridade do Governo Federal, e, para isso seria criada a secretaria extraordinária de erradicação do Analfabetismo, cuja meta seria a de erradicar o analfabetismo durante o mandato de quatro anos do governo Lula. Para cumprir essa meta foi promovido o programa Brasil Alfabetizado, onde ocorreria à contribuição com os órgãos públicos Estaduais e Municipais, instituições de ensino superior e organizações sem fins lucrativos para que desenvolvessem as ações de alfabetização.
Observa-se assim, que a educação de jovens e adultos passou por oscilações durante a evolução histórica do Brasil. E, embora atualmente haja uma maior preocupação com a educação de Jovens e Adultos, ainda se faz necessário a elaboração de novas propostas, bem como a formação de educadores qualificados para atender esta classe escolar.
A partir disto, entende-se que a criação de um plano de aula para uma unidade é de fundamental importância, pois, além de servir como orientação para a elaboração de novos planos de aula, serve como uma forma de repensar a proposta do EJA, criando novas propostas de ensino, e, fazendo com que reconheçamos a importância do ensino do EJA.

PLANO DE AÇÃO: “LEITURA DO MUNDO, TRILHANDO NOVOS
CAMINHOS.”

Tema: Estudos da Sociedade
           Público-alvo: 25 alunos/ 5° ano do Ensino Fundamental
           Duração do plano de ação: 2 meses
           Duração de cada aula: 4h 30min

2.    CONTEÚDOS

ñ  Leitura de mapas
ñ  Tecnologia e desenvolvimento do campo
ñ  Direito a terra
ñ  Contraste nas grandes cidades
ñ  Direito a moradia

3.    OBJETIVOS

3.1  GERAL

Utilizar a leitura do mundo através das letras e outros símbolos em suas diferentes situações, procurando ampliar a compreensão crítica da realidade que requeiram o contato com variadas mensagens de caráter político, cultural e social.

3.2  ESPECÍFICO

·         Interpretar gestos, movimentos corporais, fisionomais, comportamentais;
·         Interpretar diferentes palavras e imagens, como, pintura, fotográfica, charges, desenhos, tirinhas e história em quadrinhos;
·         Conhecer elementos presentes em um mapa, saber se localiza;
·         Conhecer regiões geográficas do Brasil e os estados que as compõem e suas perspectivas cidades, identificando no mapa;
·         Refletir sobre vantagens e desvantagens do uso de máquinas modernas no campo;
·         Conhecer as novas técnicas utilizadas a serviço do desenvolvimento do campo;
·         Refletir sobre o direito à terra e moradia, e as conquistas desse direito;
·         Conhecer as principais leis que garantem o direito a terra no Brasil;
·         Entender o que são latifúndios e minifúndios;
·         Refletir sobre a relação do homem e mulher com a terra conquistada;   
·         Refletir sobre a carência habitacional;
·         Refletir sobre o êxodo rural e população rural;
·         Reconhecer a diversidade brasileira;
·         Identificar legendas e escala;
·         Desenhar o mapa do trajeto da sua casa até a escola;
·         Interpretar leituras de noticias de jornais e revistas;
·         Identificar a mortalidade infantil está diretamente, relacionada com as condições de vida dos moradores das cidades.

 4.    RECURSOS MATERIAS E TECNOLÓGICOS:

MATERIAIS:

v  Variadas imagens, fotografia, pinturas, desenhos, tirinhas, história em quadrinhos, charges
v  Mapa do Brasil
v  Jornais e revistas
v  2 pacote com 100 folhas de papel ofício
v  Lápis de cor/ Hidrocor/ Giz de cera
v  5 Tesouras sem ponta
v  5 cola branca pequenas ou 1 tubo de cola grande
v  Colas coloridas
v  Papel crepom colorido
v  5 folhas de papel metro
v  5 Cartolinas coloridas

TECNOLÓGICOS

v  TV e DVD
v  Retroprojetor
v  Aparelho de som

5.    AVALIAÇÃO

A avaliação será formativa e processual. A formação da pessoa para uma sociedade humana mais justa é um dos fundamentos. A avaliação deverá contemplar, além dos conteúdos escolares tradicionais, as habilidades relacionais. Segundo Maria Mizukami(1986), a abordagem cognitivista tem como fundamento a ideia de que a construção do conhecimento pelo aluno deve ser avaliada através de elaborações próprias, livres, explicações, resoluções de situações baseada na realidade. Deve-se valorizar também os erros e as tentativas para que o professor conheça as hipóteses de elaboração de conhecimento dos alunos.  Além disso o professor deverá avaliar individualmente cada aluno.
O professor deverá observar as diferentes fases de uma intervenção na avaliação que deverá ser estratégica. As atividades e tarefas e os próprios conteúdos de trabalho se adequarão constantemente às necessidades que vão se apresentando para chegar a determinados resultados. Ou seja, uma avaliação processual, onde se avaliará todas as situações de aquisição do conhecimento durante todo o processo de aprendizagem. Se avaliará o desenvolvimento de algumas ferramentas cognitivas básicas, como noções de espaço e tempo, capacidade de observar, comparar, classificar, relacionar, elaborar hipóteses, criticar etc.
Através das atividades propostas ao alunos para exporem suas ideias por meio da linguagem oral, ou dramática, da escrita, dos desenhos ou de montagens, será possível detectar o nível de aprendizagem. Essa avaliação será observada nas atividades individuais e em grupos, será analisada as discussões e a participação individual. Vale ressaltar que as atividades coletivas auxiliam na busca por melhores resultados.
A avaliação é formativa porque colabora para a formação de um leitor reflexivo sobre sua realidade.


Referências:

SALDANHA, Leila. Histórico da EJÁ no Brasil. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/17677/1/HISTORICO-DA-EJA-NO-BRASIL/pagina1.html. Acessado em: 29/08/2011, às 11h.


Produzido por: Damonile Silva, Danilo Silva, Jamile Moraes, Luciana Estrela, Nadjara Felix, Rilná Figueiredo, Taiane Cerqueira, Vanderson Silva. 


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